segunda-feira, 23 de abril de 2007

Virar de página

Tenho pena de Ribeiro e Castro, como pessoa (não como político). Acho que ele é um homem com valores. Ser presidente do CDS-PP significou muito para si mesmo. Achou que conseguia mudar as coisas. Pensou que conseguia congregar. Idealizou que o partido ia crescer. Tencionou ser diferente para melhor. Acredito que tudo isto revela o seu bom fundo. Democrata-cristão genuíno, teve como falha grave ser um político reactivo. Faltou-lhe a proactividade.
É mais fácil derrotar quem está frágil ou quem não demonstra argumentos. Foi isso que a oposição viu nele. Foi isso que uma certa comunicação social pró-Sócrates, vendo, não quis explorar. Estava bom assim.
Ribeiro e Castro não se soube munir dos melhores. Dos mais capazes. Limitou-se a recusar tudo o que vinha de perto de Portas. Sem averiguar da sua boa ou má influência para sobreviver, quer ele, quer o próprio CDS. Foi chamando inexperientes.
Mais grave ainda, acho que se Castro pudesse voltar atrás, faria tudo igual. Não aprendeu. Juntou-se aos que vacilam entre tachos. Esqueceu-se dos que se lhe ofereceram com boa vontade. Ou melhor, não esqueceu, pura e simplesmente ignorou. Passou ao lado. Com ar altaneiro e emproado.
Ontem, caiu do seu pedestal. Baixo pedestal, é certo. Só já ele acreditava nele. E no dia em que votou, já nem ele acreditava em nada.
Esqueceu-se de dar parabéns ao vencedor na hora da sua despedida. Demonstrou mau perder e mau feitio. Um ovo Kinder talvez lhe tivesse adoçado a boca. Mas o ovo que comprou deu-lhe uma surpresa amarga. Contudo, por não ter sabido ser o que quis, tenho pena do que não soube transmitir. E do que não soube ser.

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